Brasil: Governo Lança Medida Provisória para Controlar Custos da Energia e Reformular Subsídios
O governo brasileiro publicou,na sexta-feira (11),uma medida provisória com o propósito de conter o aumento das tarifas de energia elétrica e reorganizar os subsídios concedidos pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).Esta ação foi motivada pela necessidade de compensar a revogação dos vetos presidenciais à Lei das Eólicas Offshore, que, segundo a equipe econômica, poderia elevar os custos da energia em até R$ 40 bilhões.
Reestruturação da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE)
A CDE é um fundo essencial para o financiamento de políticas públicas no setor elétrico, incluindo a Tarifa Social, que oferece descontos para famílias de baixa renda. A nova medida provisória estabelece um limite orçamentário para a CDE, fixado com base no orçamento previsto para 2026. Caso os recursos disponíveis não sejam suficientes para cobrir as despesas, será instituído o Encargo de Complemento de Recursos, que será cobrado dos beneficiários da CDE, excetuando programas como Luz para Todos e Tarifa Social. Este encargo será implementado gradualmente, com 50% em 2027 e 100% a partir de 2028.
Substituição das Usinas Térmicas por Pequenas Centrais Hidrelétricas
Outra inovação da medida é a substituição da contratação compulsória de usinas térmicas inflexíveis – que operam continuamente independentemente da demanda – por pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). A contratação das pchs será realizada por meio de leilões escalonados, com um cronograma definido até 2034, promovendo maior flexibilidade e sustentabilidade no sistema elétrico.
Novas Diretrizes para o Mercado de Gás Natural
A MP também propõe alterações no modelo de comercialização do gás natural da União, atualmente gerido pela Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA). O objetivo é viabilizar preços mais competitivos, impulsionando a reindustrialização do país e reduzindo os custos na cadeia produtiva. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) será responsável por estabelecer as regras de acesso à infraestrutura de transporte e escoamento do gás. A comercialização deve iniciar em 2025, atendendo principalmente os setores de química, fertilizantes, cerâmica, vidro e siderurgia.
contexto Político e Expectativas para o Setor
Desde o início da semana, o governo já indicava a intenção de enviar uma nova medida provisória para reorganizar o setor elétrico. O tema foi discutido em reuniões entre líderes do Congresso e ministros, incluindo o titular da Fazenda, Fernando haddad, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Este último defendeu a MP 1.300, que ainda aguarda análise da comissão mista, apesar de contar com mais de 600 emendas.
Silveira destacou que a iniciativa visa promover uma transformação significativa no setor elétrico, focando na redução das desigualdades, ampliação do acesso para a classe média e atração de investimentos com segurança jurídica. A medida provisória entra em vigor imediatamente, exceto pela regra do teto da CDE, que valerá a partir de 1º de janeiro de 2026, e precisa ser aprovada pelo Congresso em até 120 dias para manter sua validade.
desafios e Repercussões Políticas
O lançamento da MP ocorre em meio a tensões entre o Executivo e o Legislativo, intensificadas pela disputa sobre o IOF e a derrubada dos vetos à Lei das Eólicas Offshore. Parlamentares criticaram a narrativa do governo, que associou a decisão do Congresso a possíveis aumentos na conta de luz, interpretada como uma tentativa de polarização política entre os poderes.