Brasil: Avaliação dos Resultados do Carrefour e Consequências para Assaí Atacadista e Grupo Mateus
No cenário brasileiro de atacarejo, os resultados financeiros divulgados pelo Carrefour Brasil no segundo trimestre de 2025 revelam um ambiente desafiador. Embora a empresa não esteja mais listada na bolsa de valores, suas demonstrações financeiras fornecem dados valiosos que influenciam diretamente concorrentes como Assaí (ASAI3) e grupo Mateus (GMAT3), ambos com recomendação neutra atualmente pelo JPMorgan.
Crescimento Contido nas vendas do Setor de Atacarejo
O segmento atacarejo apresentou uma desaceleração notável nas vendas, com aumento de apenas 6% em comparação ao mesmo período do ano anterior, contra 10% registrados no primeiro trimestre. Esse desempenho ocorreu apesar da tradicional alta sazonal provocada pela Páscoa, indicando um mercado mais competitivo aliado a uma base comparativa mais exigente.
Margens em Expansão: Prioridade na Rentabilidade Sustentável
Diferentemente da desaceleração das vendas,o Atacadão conseguiu elevar sua margem bruta em 30 pontos-base na comparação anual. Essa evolução reflete a estratégia adotada pelos principais players listados que privilegiam a rentabilidade sólida em detrimento da expansão acelerada. além disso, o volume de recebíveis descontados manteve-se estável, demonstrando equilíbrio comercial especialmente nas vendas parceladas sem juros.
Sólida Saúde Financeira mesmo Após Reestruturação Societária
A alavancagem ajustada do Carrefour Brasil permaneceu praticamente inalterada em torno de 3,2 vezes (conforme critério IAS 17), mesmo após sua saída da bolsa e conclusão da reorganização societária. Isso evidencia um controle financeiro robusto durante esse período crítico de transição corporativa.
Análise Itaú BBA: Reflexos Diretos para o Assaí Atacadista
A equipe do Itaú BBA ressalta que os números apresentados pelo Carrefour são indicativos importantes sobre as perspectivas futuras tanto para o Atacadão quanto para seus concorrentes diretos como o Assaí. A ampliação da margem bruta reforça uma tendência setorial focada na rentabilidade sustentada por uma menor participação das vendas B2B no mix total.
Com crescimento estimado próximo a 6% na receita bruta trimestralmente e poucas inaugurações recentes, as vendas mesmas lojas (SSS) devem ter se mantido nesse patamar para o Atacadão – representando uma desaceleração entre 2 a 2,5 pontos percentuais frente ao segundo trimestre de 2024 e cerca de 1,5 ponto percentual comparado ao primeiro trimestre deste ano. Essa dinâmica pode impactar também os resultados futuros do Assaí.
Desafios Comparativos Recentes e Perspectivas Futuras
A base comparativa referente ao segundo trimestre de 2024 foi particularmente complexa devido à introdução da política que permite parcelamento em até três vezes sem juros nos cartões – fator que impulsionou as vendas naquele período. Por isso espera-se que essa diferença entre desempenhos das redes diminua nos próximos trimestres.
Margem EBITDA Sob Pressões Operacionais crescentes
A margem EBITDA também registrou crescimento anualizado para o Atacadão embora menos expressivo quando comparado à margem bruta. O aumento dos custos com pessoal tem sido apontado como principal causa dessa limitação – reflexo direto das dificuldades atuais relacionadas à contratação qualificada aliadas às pressões inflacionárias sobre salários observadas amplamente no varejo brasileiro.
recomendações Atualizadas Para Investidores No Setor Varejista
No âmbito das recomendações financeiras recentes,o Itaú BBA mantém avaliação positiva (“compra”) para as ações da Assaí com preço-alvo fixado em R$12.O JPMorgan segue cauteloso,recomendando posição neutra,e estipula preço-alvo próximo aos R$9.no contexto atual,a atenção permanece voltada às estratégias adotadas pelas empresas diante deste ambiente competitivo complexo.