Como se proteger e lucrar com ações brasileiras após o tarifaço de Trump?

Como se proteger e lucrar com ações brasileiras após o tarifaço de Trump?

Brasil: ‌Análise das Tarifas de 50% ‌dos EUA e Seus Reflexos no Mercado de ⁣Ações

Na última semana, o cenário para as ações brasileiras sofreu ‌uma reviravolta significativa após o anúncio do ex-presidente⁤ dos Estados Unidos, ⁣Donald Trump, que⁤ propôs a ⁢aplicação de uma tarifa de 50% sobre todas‍ as importações originárias do Brasil, com ⁤início previsto​ para​ 1º de agosto de 2025.

Contexto Comercial entre ​Brasil⁤ e Estados Unidos

Os ⁢Estados Unidos representam o ​segundo ⁢maior parceiro comercial do brasil,respondendo por cerca de‍ 12% das exportações ​e 15% das importações brasileiras,totalizando aproximadamente US$ 40,3 bilhões em 2024,o que equivale a quase ‍2% do Produto Interno​ Bruto (PIB) nacional.

Apesar ⁤da expressiva participação, a maior parte das exportações brasileiras ‌para ⁣os EUA consiste em commodities, que possuem maior flexibilidade para serem redirecionadas a outros‍ mercados, o que pode atenuar os efeitos das tarifas.

Setores​ e Empresas com Maior Exposição

Entre as companhias listadas ‌na ‌Bolsa, a Embraer (EMBR3) lidera a exposição às tarifas, ⁣seguida por Suzano (SUZB3)​ e Tupy (TUPY3). A‌ Embraer, ​por exemplo, tem cerca‍ de ‌24%​ de sua receita vinculada ao mercado norte-americano, especialmente na aviação‍ comercial‍ e executiva.

Outras empresas relevantes incluem Jalles Machado (JALL3), Minerva (BEEF3), WEG (WEGE3) e Braskem (BRKM5), cada uma com diferentes graus‍ de vulnerabilidade e oportunidades decorrentes das mudanças tarifárias.

Empresas com maior ⁢percentual de receita ⁣proveniente dos⁢ EUA

Ticker Empresa Setor % Estimada da⁣ Receita dos EUA
EMBR3 Embraer bens⁤ de Capital 23,8%
SUZB3 Suzano Papel & Celulose 16,6%
TUPY3 Tupy bens de Capital 13,9%
JALL3 Jalles Machado Agro 11,0%
FRAS3 Fras-le Mobility Bens​ de Capital 10,8%
WEGE3 WEG Bens de Capital 9,1%
BEEF3 Minerva Alimentos & Bebidas 8%⁢ – 15%
RAPT4 Randoncorp Bens de Capital 6,4%
CSAN3 Cosan Óleo, Gás e Petroquímicos 6,0%
MYPK3 Iochpe-Maxion Bens de Capital 5,4%

Repercussões Setoriais e Estratégias de Mitigação

Os‌ setores industriais e ⁤de materiais são os mais vulneráveis, com empresas como Embraer, Tupy, Mahle Metal Leve e WEG enfrentando riscos significativos em suas ⁤receitas provenientes dos ​EUA, variando entre 6% e‍ 13%.

Por outro lado, setores como‍ mineração e siderurgia ‍apresentam exposição limitada, com empresas como Vale e CSN ⁤tendo menos de 4% de ⁣suas receitas afetadas diretamente pelas tarifas.

No segmento de ‍óleo ​e gás, embora as exportações para​ os EUA representem cerca de 13%⁤ do total, a ⁢natureza ​globalizada do petróleo permite o ⁣redirecionamento para outros mercados, minimizando ⁤impactos. Empresas como Braskem podem até se beneficiar⁢ com o aumento dos preços internos‍ devido às tarifas.

carteira Recomendada ‌para o cenário Atual

Para enfrentar o cenário de ⁢tarifas ‌elevadas,⁤ a XP Investimentos recomenda‍ uma carteira diversificada, denominada “cesta XP de tarifas dos EUA”, que inclui seis ⁢ações com desempenho superior ​ao Ibovespa, acumulando alta⁣ de 17,3% contra 9,6%⁣ do ⁣índice. As empresas‍ selecionadas são SLC Agrícola, BrasilAgro, ⁣Gerdau, Aura Minerals, unipar e Rumo.

Impactos Macroeconômicos​ e Perspectivas

Segundo estimativas do⁣ JPMorgan, cada aumento de 10 pontos percentuais⁢ nas tarifas pode reduzir o PIB brasileiro entre 0,2% e 0,3%. Com ​a tarifa proposta‌ de 50%, o impacto total poderia variar entre ⁤0,8% e⁢ 1,2% do PIB. Contudo, a exclusão de setores como aço e alumínio poderia diminuir esse efeito em até 20%.

Além ​disso, a diversificação das exportações para ⁣outros mercados pode suavizar os impactos negativos, mantendo as projeções de crescimento⁢ econômico e​ saldo comercial relativamente estáveis ‌no curto⁣ prazo.

Considerações Finais

O anúncio das tarifas ⁤americanas traz incertezas para o mercado brasileiro, exigindo atenção às respostas ‍governamentais, possíveis ⁣negociações comerciais e ‍efeitos indiretos sobre câmbio, investimentos estrangeiros​ e​ o ambiente político, especialmente com as‌ eleições de 2026 ⁢se aproximando.

Empresas e investidores devem ⁣monitorar de perto‍ as movimentações e‌ ajustar suas estratégias para minimizar riscos e aproveitar oportunidades que possam surgir neste contexto desafiador.