Brasil: Embraer Enfrenta Queda Significativa nas Ações Após Tarifa de 50% dos EUA
As ações da Embraer (EMBR3), fabricante brasileira de aeronaves, sofreram uma forte desvalorização nesta quinta-feira, refletindo a decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil. O anúncio, feito pelo então presidente Donald Trump, gerou uma reação imediata no mercado financeiro.
Desempenho das Ações e Repercussão no Mercado
Por volta das 10h30, os papéis da Embraer registravam queda de 5,57%, cotados a R$ 73,85, tendo atingido uma mínima de R$ 71,63, o que representa uma queda de 8,41% – uma das maiores do índice Ibovespa, que recuava 0,95% no mesmo período. Essa volatilidade evidencia a vulnerabilidade da empresa diante das medidas tarifárias americanas.
Estimativas de Impacto Financeiro Segundo Analistas
Especialistas do JPMorgan indicam que a Embraer está entre as companhias brasileiras do setor de bens de capital mais afetadas, com uma possível redução de até 13% na receita total.Essa projeção considera que todas as vendas do jato executivo praetor, que representam cerca de 18% da receita, são destinadas ao mercado norte-americano, além de uma provável diminuição na demanda pelo jato comercial E175, que responde por aproximadamente 9% da receita.
Segmentos da Embraer e Vulnerabilidades às Tarifas
O impacto da tarifa de 50% varia conforme o segmento de atuação da Embraer. Na aviação comercial, que corresponde a 35% da receita prevista para 2024 e 12% do Ebit, os contratos incluem cláusulas que permitem repassar o custo das tarifas aos clientes, o que pode mitigar parcialmente os efeitos negativos.
Um ponto favorável destacado pelos analistas é o jato E175, integralmente fabricado no Brasil e sem concorrentes certificados no mercado, o que confere à Embraer um forte poder de precificação.Já a linha E2 enfrenta concorrência direta do Airbus A220, porém não possui clientes nos Estados Unidos, reduzindo o impacto direto das tarifas nesse segmento.
Jatos Executivos e Pressão nas Margens
Na área de jatos executivos, a montagem final ocorre em Melbourne, Flórida. os modelos Phenom são produzidos integralmente nos EUA,enquanto os praetor possuem entre 60% e 70% de componentes originários da América do Norte,principalmente dos Estados Unidos. Contudo, partes fabricadas no Brasil tornam esse segmento mais suscetível às tarifas, o que pode pressionar as margens de lucro.
Segundo cálculos do JPMorgan, a tarifa de 50% sobre essas peças pode reduzir o Ebit dos jatos executivos em até 15% no cenário mais pessimista. É importante destacar que a Embraer não realiza vendas diretas para os EUA nesse segmento, o que pode limitar o impacto total.
Serviços e Suporte Técnico Também Sob Risco
Além da fabricação, o segmento de serviços e suporte pode ser afetado, já que cerca de 25% da receita desse setor nos EUA depende de peças importadas do Brasil. A estimativa é que o impacto sobre o Ebit desse segmento seja próximo a 5%, refletindo a importância das operações de pós-venda para a empresa.
Contexto e Perspectivas
Essa medida tarifária dos EUA representa um desafio significativo para a Embraer, que é uma das principais exportadoras brasileiras no setor aeroespacial. Com a crescente tensão comercial, a empresa precisará ajustar suas estratégias para minimizar perdas e manter sua competitividade global.
O cenário atual reforça a necessidade de diversificação de mercados e fortalecimento da cadeia produtiva local para reduzir a exposição a barreiras comerciais internacionais.