Brasil: Espírito Santo Sob Pressão com Tarifas dos EUA nas Exportações de Rochas Naturais
Suspensão Temporária nos Embarques Afeta Exportadores Capixabas
Empresas do Espírito Santo, principal polo brasileiro na produção e exportação de mármore e granito, já sentem os efeitos iniciais da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Embora os pedidos não tenham sido cancelados até o momento, compradores norte-americanos solicitaram a paralisação imediata dos embarques enquanto aguardam definições sobre a aplicação da medida prevista para começar em 1º de agosto.
Tales Machado, presidente da Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas), destaca que “os clientes preferem aguardar uma posição oficial antes de prosseguir com as remessas”. Essa cautela reflete a incerteza gerada pela nova política tarifária.
Risco à Competitividade Frente a Concorrentes Internacionais
A principal preocupação do setor é que as tarifas brasileiras sejam superiores às aplicadas por outros países concorrentes como Itália, Turquia, Índia e China. Tal cenário poderia colocar o produto capixaba em desvantagem no mercado global.
“tememos que nossa taxação ultrapasse a dos concorrentes diretos”, alerta Tales Machado. Isso poderia reduzir significativamente o apelo das rochas naturais produzidas no Espírito Santo frente aos importadores internacionais.
Ações Governamentais para Mitigar Impactos Econômicos
Diante desse desafio comercial,autoridades estaduais e federais estão mobilizadas para buscar soluções. O governador Renato Casagrande reuniu-se recentemente com o vice-presidente Geraldo Alckmin - também ministro do Desenvolvimento - para discutir estratégias que possam evitar ou minimizar os efeitos das tarifas americanas.
O governo federal anunciou ainda a criação de um comitê específico para ouvir representantes dos setores mais afetados pela medida e articular respostas conjuntas. Paralelamente,entidades americanas ligadas ao segmento também se movimentam junto ao governo dos EUA na tentativa reverter essa decisão tarifária.
“A cadeia produtiva americana depende diretamente da industrialização dessas rochas importadas do Brasil”, explica Tales Machado sobre as negociações em andamento entre os setores brasileiro e norte-americano.
EUA: Principal Destino das Exportações Capixabas
No primeiro semestre de 2025, os Estados Unidos foram responsáveis por mais da metade (62,4% em junho) das exportações capixabas no segmento ornamental – um percentual consistente desde janeiro deste ano quando atingiu até 69%.Em comparação, outros mercados como China representam apenas cerca de 17% dessas vendas internacionais.
- Média mensal aproximada (%) – exportação para EUA:
- Janeiro: 69%
- Fevereiro: 68,4%
- Março: 63,3%
- abril: 63,5%
- Maio: 69,8%
- Junho: 62,4%
No total nacional referente ao mesmo período (janeiro-junho/2025), o Espírito Santo concentrou expressivos 82,85% das exportações brasileiras desse setor – consolidando sua liderança absoluta no mercado externo.
A maior parte desses embarques consiste em chapas polidas – placas trabalhadas com acabamento refinado -, produzidas principalmente nos municípios Serra,Cachoeiro de Itapemirim , Barra São Francisco , Castelo e Atílio Vivácqua . essas peças possuem alto valor agregado devido à tecnologia empregada durante seu beneficiamento localmente realizado pelas indústrias capixabas .
Tales Machado ressalta que mercados alternativos demonstram preferência por blocos brutos ,uma tendência considerada negativa pois reduz toda cadeia produtiva agregadora presente na transformação final desses materiais . “Voltar à venda apenas blocos seria um retrocesso tecnológico e econômico”, afirma ele categoricamente .
Dificuldade Para Substituir Mercado Americano No Curto Prazo
A despeito dos esforços governamentais visando alternativas comerciais , especialistas reconhecem ser complexo substituir rapidamente o mercado estadunidense dada sua dimensão econômica robusta . “A economia americana é muito forte; encontrar outro parceiro equivalente não será tarefa simples nem rápida”, conclui Tales Machado .
Nesse contexto ,Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) acompanha atentamente as discussões nacionais alinhadas à Confederação Nacional da Indústria (CNI). Recentemente seu presidente Paulo Baraona participou ativamente numa agenda voltada ao pedido formal pelo adiamento mínimo três meses na vigência dessa tarifa elevada impostapor washington .
Impacto regional Relevante No Cenário Nacional De Tarifação Comercial Internacional
Sendo considerado quarto estado mais afetado pelo chamado “tarifaço” imposto pelo governo Trump contra produtos brasileiros , Espírito Santo enfrenta desafios significativos tanto econômicos quanto políticos nesse momento delicado envolvendo comércio exterior.