Inflação nos EUA Dispara em Junho: Tarifas Elevam Preços e Ameaçam Economia Global

Estados Unidos: Tarifas Elevadas Aumentam Inflação e Repercutem no Cenário Global

Em junho, os Estados Unidos vivenciaram um aumento notável nos índices de inflação, fortemente impulsionado por novas tarifas sobre produtos importados. Embora o impacto direto dessas medidas sobre a atividade econômica ainda seja contido, o repasse de custos ao consumidor está gerando pressão significativa sobre os preços.

Inflação Subjacente Acelera

O índice de preços ao consumidor (core), que exclui alimentos e energia, subiu 0,3% em junho — a maior alta desde janeiro. Na comparação anualizada, a inflação subjacente deve atingir 2,9%, refletindo um ritmo de crescimento que preocupa o mercado.

Apesar das tarifas ainda não afetarem diretamente a atividade real nos EUA, especialistas apontam que a tendência é de aceleração gradual da inflação nos próximos meses. O varejo segue cauteloso, tentando evitar aumentos excessivos diante de um consumidor mais retraído e de um mercado de trabalho com sinais de fragilidade.

Recuperação no Varejo e Expectativas do Fed

As vendas no varejo mostraram uma leve recuperação em junho, após dois meses de queda, influenciando projeções para o segundo trimestre. Contudo, o Federal Reserve (Fed) optou por manter as taxas de juros inalteradas, sinalizando cautela frente à combinação de demanda enfraquecida e pressão inflacionária. A próxima reunião do comitê está agendada para os dias 29 e 30 de julho.

“Espera-se que os repasses de preços continuem modestos nas categorias atingidas pelas tarifas, compensados por fraqueza persistente no setor de serviços”, destacam analistas.

Panorama Global: Reações e Tendências

Canadá

O Canadá se prepara para divulgar um novo relatório de inflação antes da decisão de juros marcada para 30 de julho. A taxa central caiu levemente para 3% em maio, após breve aceleração. Paralelamente, o país participa da reunião do G-20 na África do Sul.

Ásia

Na China, dados comerciais atualizados devem revelar os primeiros impactos das tarifas americanas, enquanto informações sobre o setor imobiliário e desemprego trarão uma leitura mais clara do comportamento do consumidor. O Japão enfrenta desaceleração confirmada por queda nos pedidos industriais e expectativa de inflação anual em torno de 3,3%.

Outros destaques asiáticos:

  • Índia: divulgação de dados comerciais, com inflação em ritmo estável;
  • Malásia: publicação do PIB trimestral após resultado fraco anterior;
  • Cingapura: projeção de crescimento modesto de 0,8% no segundo trimestre;
  • Coreia do Sul: queda na demanda externa pressiona economia;
  • Indonésia: expectativa de corte na taxa básica para estimular atividade.

Europa, Oriente Médio e África

A África do Sul sedia a reunião do G-20, agora sob sua presidência rotativa, em meio a tensões geradas pelas tarifas dos EUA. A ausência do Secretário do Tesouro norte-americano adiciona incertezas ao encontro.

No Reino Unido, preocupações fiscais crescem após dados decepcionantes. Na zona do euro, a produção industrial da Alemanha e o índice ZEW de confiança são acompanhados de perto como possíveis reflexos das tarifas. Em Israel, a inflação segue acima da meta, exigindo cautela monetária. A República Democrática do Congo pode reduzir juros para conter taxa real elevada. Angola, por sua vez, deve manter os juros em 19,5% monitorando os efeitos de reajustes no transporte.

América Latina

O Brasil deve confirmar nova retração na produção industrial de maio, pressionada pelos juros elevados. No Peru e na Colômbia, os impactos das tarifas americanas ainda são limitados. A Argentina caminha para o 14º mês consecutivo de desaceleração inflacionária, com projeção de inflação mensal em torno de 1,8%.

As tarifas comerciais impostas pelos EUA começam a ecoar de forma ampla, pressionando não apenas a inflação interna, mas também elevando a tensão em cadeias produtivas globais. O desafio dos bancos centrais pelo mundo é equilibrar crescimento, controle de preços e estabilidade monetária diante de um cenário cada vez mais volátil.