Brasil Enfrenta Desafios com Tarifas de 50% dos EUA: Economistas Apontam Cenários e Riscos Geopolíticos
O governo brasileiro está sob pressão diante do prazo estabelecido pelos Estados Unidos para a aplicação de tarifas de 50% sobre todos os produtos exportados pelo brasil, com vigência prevista para o dia 1º de agosto. Essa medida, anunciada pela administração americana, tem gerado apreensão entre autoridades e setores produtivos nacionais.
Impactos Econômicos Limitados, Mas Consequências Políticas Significativas
Especialistas que participaram da Expert XP 2025 indicam que o efeito direto dessas tarifas na atividade econômica brasileira deve ser moderado devido ao perfil mais fechado da economia nacional e ao volume relativamente pequeno das exportações afetadas. No entanto, alertam para um possível isolamento geopolítico do brasil no cenário internacional.
Solange Srour,responsável pela área macroeconômica do UBS Global Wealth Management no Brasil,destaca que o cenário mais provável é a manutenção da tarifa em 50%,já que uma reversão parece improvável. Segundo ela, “a negociação está travada por motivos geopolíticos mais amplos do que questões internas brasileiras”. Ela ressalta ainda que o país encontra-se mal posicionado diante das novas dinâmicas globais.
Cenário Geopolítico Complexo e Possíveis Retaliações Não Tarifárias
A economista também enfatiza durante debates sobre política fiscal que esse ambiente internacional complexo tende a se perpetuar. O Brasil poderia ter adotado uma postura neutra nesse contexto; contudo, há riscos crescentes de retaliações indiretas por parte dos Estados Unidos contra setores influentes no governo americano.
Ainda segundo Solange Srour, apesar do impacto econômico direto ser limitado pelas características da economia brasileira – considerada pequena em relação aos mercados globais – o país pode servir como exemplo negativo na arena geopolítica para os EUA. Além disso, um eventual agravamento dessa situação pode prejudicar as expectativas favoráveis quanto à estabilidade cambial e à redução da taxa básica de juros pelo Banco central brasileiro.Tal cenário também pode antecipar tensões políticas internas e aumentar a volatilidade nos mercados financeiros.
Análise Complementar: Perspectivas Divergentes Entre Economistas
Pedro Jobim, economista fundador da Legacy Capital, concorda com Solange ao afirmar que manter as tarifas em 50% representa o “melhor caso” possível atualmente.Ele explica que essa decisão não decorre diretamente de fatores econômicos ou comerciais tradicionais dos EUA contra o Brasil; trata-se principalmente de uma percepção negativa quanto à estabilidade institucional brasileira.
“Se essa questão institucional não for resolvida rapidamente será difícil reverter esse quadro”, alerta Jobim. “A falta total de diálogo entre os governos dificulta qualquer avanço diplomático imediato.”
Carlos Woelz, analista da Kapitalo Investimentos, reforça a ideia de impacto político superior ao econômico: “Embora temporária na sua essência tarifária – mantida nos atuais patamares -, essa medida deixará marcas permanentes nas relações bilaterais.”
Diferenciação Política-Econômica nas Relações Internacionais
Rodrigo Azevedo, sócio na ibiúna Investimentos destaca ainda uma distinção importante entre as disputas comerciais envolvendo os Estados Unidos: enquanto casos como Japão são motivados essencialmente por interesses econômicos claros; no caso brasileiro prevalecem motivações políticas menos evidentes mas igualmente relevantes.
Azevedo prevê aumento nos prêmios de risco associados aos investimentos brasileiros e maior volatilidade financeira decorrente desse impasse diplomático-econômico. Para investidores recomenda cautela através da adoção estratégica em portfólios conservadores aproveitando um período prolongado esperado para manutenção das taxas básicas estáveis.