Brasil: Repercussões das Tarifas Comerciais de Trump sobre Países do Brics e o Mercado Financeiro
Contexto e Reação do Mercado Financeiro
Na última segunda-feira, as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) encerraram o dia em alta, refletindo um ambiente negativo para os ativos brasileiros. A instabilidade foi provocada pelas ameaças do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou a imposição de tarifas adicionais a países do Brics que adotem políticas consideradas “antiamericanas”. Além disso, novas tarifas foram anunciadas para parceiros comerciais como Japão e Coreia do Sul.
O tema das tarifas voltou a dominar as negociações globais pouco antes do prazo de 9 de julho, estabelecido pelo governo americano para possíveis acordos comerciais. No fechamento da sessão, a taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu 14,205%, ligeiramente acima dos 14,176% registrados anteriormente. Para janeiro de 2028, a taxa subiu para 13,465%, contra 13,395% do ajuste anterior.
Nos contratos de prazo mais longo, a taxa para janeiro de 2031 alcançou 13,39%, enquanto a de janeiro de 2033 ficou em 13,45%, ambas em alta em relação aos ajustes anteriores.
Posicionamento do Brics e Resposta Brasileira
Durante a cúpula do Brics realizada no Rio de Janeiro, o grupo expressou preocupação com o “crescimento indiscriminado das tarifas”, alertando para os riscos que isso representa ao comércio internacional. O Brasil, como membro fundador do bloco, destacou-se na manifestação conjunta.
Horas depois, trump reforçou sua postura ao ameaçar penalizar países que tentem ingressar no Brics, anunciando uma tarifa adicional de 10% para aqueles alinhados às políticas do grupo consideradas contrárias aos interesses americanos. A mensagem foi divulgada em sua rede social Truth Social, sem exceções previstas.
Em resposta, o presidente luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente as declarações, qualificando-as como “irresponsáveis” e inadequadas para um líder mundial. Lula ressaltou a soberania dos países e a importância da reciprocidade nas relações comerciais, afirmando que “o mundo mudou e não aceita mais imposições unilaterais”.
Novas Tarifas e Impactos nas Moedas do brics
Antes mesmo do prazo final para negociações, trump anunciou que, a partir de 1º de agosto, serão aplicadas tarifas de 25% sobre produtos importados do Japão e da Coreia do Sul. Outros países também foram alvo de novas taxas: 30% para a África do Sul, 25% para malásia e Cazaquistão, e até 40% para Mianmar e Laos.
Essas medidas geraram valorização do dólar frente a diversas moedas dos países do Brics,como o real brasileiro,o rand sul-africano,a rupia indiana,o peso mexicano e a rupia indonésia. Paralelamente, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (treasuries) apresentaram alta, especialmente nos papéis de longo prazo.
Em meio a esse cenário, a taxa do DI para janeiro de 2028 atingiu o pico de 13,500% às 13h35, um aumento de 11 pontos-base em relação ao fechamento da sexta-feira anterior. O DI para janeiro de 2033 também subiu, alcançando 13,450%, com alta de 9 pontos-base.
Perspectivas Econômicas Internas e Expectativas para a Selic
Especialistas consultados indicaram que o clima de tensão global provocado pela disputa tarifária ofuscou as notícias domésticas, entre elas a divulgação do boletim focus. Segundo o relatório, a mediana das projeções para a inflação em 2025 recuou ligeiramente de 5,20% para 5,18%, mantendo-se em 4,50% para 2026.
O boletim também aponta que a taxa básica de juros,a Selic,deve permanecer em 15% ao ano até o final deste ano,com expectativa de redução para 12,50% em 2026.Próximo ao fechamento do mercado, a curva de juros brasileira indicava quase 100% de probabilidade de manutenção da Selic em 15% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Na última sexta-feira,as opções de Copom negociadas na B3 mostravam 89,56% de chance de estabilidade na taxa e apenas 6,90% de possibilidade de aumento de 0,25 ponto percentual ainda neste mês.